Relatório da PF vê Bolsonaro como ponto central de pilar golpista
Redação RedeTV! com Agência BrasilO documento relaciona o ex-presidente ao ataque do homem-bomba no STF e aos atos de 8 de setembro
(Foto:Agência Brasil)
Nesta quarta-feira (27), a Polícia Federal (PF) divulgou um relatório que aponta que os discursos de cunho golpista teriam começado em 2019. O documento também menciona o atentado a bomba realizado no Supremo Tribunal Federal (STF) e segue com a análise dos eventos de 8 de setembro, como parte das conclusões.
No final do relatório, são apresentadas as primeiras estratégias desde o primeiro ano de mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro. A pasta, que contém cerca de 884 páginas, foi investigada por quatro delegados que refizeram os passos das chamadas "milícias digitais" do governo Bolsonaro após as eleições de 2022. O relatório aponta que o discurso golpista permanece "latente".
Pela primeira vez, a PF vincula o ex-presidente ao atentado do homem-bomba no STF, perpetrado por Francisco Wanderley Luiz, e aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, associando-os à tentativa de golpe. O caso ainda está sob investigação.
O documento foi assinado pelos delegados Rodrigo Morais, Luciana Caires, Fábio Shor e Elias Milhomens. Vale ressaltar que sete páginas do relatório são dedicadas exclusivamente às milícias digitais e aos perfis de autoridades brasileiras que incentivaram as manifestações contra os Três Poderes em Brasília.
Bolsonaro
No relatório, os investigadores afirmam ainda que Jair Bolsonaro atuou de "forma direta e efetiva" nos atos executórios para tentar um golpe de Estado em 2022.
"Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um golpe de estado e da abolição do estado democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade", diz o relatório.
Segundo a PF, Bolsonaro tinha conhecimento do chamado Punhal Verde e Amarelo, plano elaborado pelos indiciados com o objetivo de sequestro ou homicídio do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Tanques
Conforme a PF, o almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, anuiu com a articulação golpista, colocando as tropas à disposição do então presidente Jair Bolsonaro.
O plano de golpe de Estado não foi consumado por falta de apoio dos comandantes do Exército e da Aeronáutica.
"Lula não sobe a rampa"
Um documento manuscrito apreendido pela Polícia Federal (PF) na sede do Partido Liberal (PL) propõe ações para interromper o processo de transição de governo, “mobilização de juristas e formadores de opinião”.
O documento encerra com o texto “Lula não sobe a rampa”. Segundo a PF, em uma clara alusão ao impedimento de que o vencedor das eleições de 2022 assumisse o cargo da presidência.
O material foi apreendido na mesa do assessor do general Walter Braga Netto, coronel Peregrino, faz um esboço de ações planejadas para a denominada “Operação 142”. O nome dado ao documento faz alusão ao artigo 142 da Constituição Federal que trata das Forças Armadas e que, segundo a PF, era uma possibilidade aventada pelos investigados como meio de implementar uma ruptura institucional após a derrota eleitoral de Bolsonaro.
PGR
Após a retirada do sigilo, o inquérito do golpe foi enviado para a Procuradoria-Geral da República (PGR). Com o envio do relatório, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, vai decidir se o ex-presidente e os demais acusados serão denunciados ao Supremo pelos crimes imputados pelos investigadores da PF.Fique informado com a RedeTV!
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