Adolescentes sem comida, bebida liberada e gravidez: o que ocorria na casa de Hytalo
Ana Souza / Redação RedeTV!Ministério Público aponta que jovens eram tratados como propriedade do influenciador
(Foto: Agência Brasil)
Uma investigação do Ministério Público do Trabalho da Paraíba (MPT-PB), em conjunto com a Polícia Civil, revelou novos depoimentos sobre o influenciador Hytalo Santos. Ele e o marido, Israel Nata Vicente, foram presos em São Paulo na última sexta-feira (15), acusados de tráfico de pessoas e exploração sexual de adolescentes.
Ex-funcionários relataram ao Fantástico que os jovens que viviam na casa do influenciador, em João Pessoa, tinham a rotina controlada. Segundo eles, Hytalo decidia quando os adolescentes poderiam comer, dormir e até usar o celular.
“Inclusive já teve filmagens que ele fez pra postar na rede social, que as crianças estavam indo pra escola e, após desligar as câmeras, elas não iam pra escola. Ou, se acontecesse de eles irem para a escola e surgir alguma agenda ou algo que precisasse de um deles, eles iriam lá simplesmente para pegar a criança”, contou um ex-funcionário.
As denúncias também citam festas frequentes, com consumo de bebidas alcoólicas entre adolescentes. “Eu presenciei muita festa, bebida, e a bebida era vontade pra todo mundo. Todos bebiam, sem restrição”, relatou outro funcionário.
Segundo depoimentos, a casa funcionava como um reality show, no qual os jovens gravavam vídeos diariamente, inclusive com coreografias sensuais. O MPT-PB afirmou que esse conteúdo gerava lucros para o influenciador por meio de publicidade, rifas e sorteios.
As investigações indicam ainda que uma adolescente engravidou e perdeu o bebê enquanto morava na residência. Também foram registradas faltas escolares constantes, com alguns jovens chegando a ficar até 50 dias sem ir à escola para acompanhar viagens de gravação.
Pais dos adolescentes recebiam valores entre R$ 2 mil e R$ 3 mil mensais para permitir que os filhos morassem com Hytalo. Conselheiros tutelares afirmam que não houve denúncias formais por parte das famílias.
Hytalo iniciou a carreira dando aulas de dança em praças públicas e ganhou visibilidade nas redes sociais. Com o sucesso, passou a ostentar carros de luxo e imóveis em diferentes cidades. Ex-funcionários disseram que ele recebia pagamentos em espécie e joias, mas a defesa nega irregularidades.
Após denúncias do youtuber Felca, as redes sociais de Hytalo foram bloqueadas. TikTok, YouTube e Instagram afirmaram que suspenderam a monetização dos conteúdos, mas só removeram as contas após a repercussão nacional.
No momento da prisão, Hytalo e o marido estavam com oito celulares. “A suspeita é que eles estavam sim tentando se evadir e já sabiam que seria expedido um mandado de prisão”, declarou o delegado Fernando Davi.
A defesa do casal alega que eles estavam em São Paulo apenas a passeio, nega os crimes e considera a prisão “um exagero”. “Se os fatos causam indignação é uma outra abordagem para a situação, mas prendê-lo por conta disso me parece um exagero tremendo. A ideia de exploração sexual que foi pintada, acho que ela transborda da realidade muito”, afirmou a defesa.
O Ministério Público da Paraíba e o Ministério Público do Trabalho sustentam que existem provas de exploração de menores. De acordo com os procuradores, adolescentes eram aliciados em outras cidades, levados para João Pessoa e submetidos a trabalho forçado. Após a prisão, eles foram entregues às famílias.
As plataformas YouTube e TikTok divulgaram notas oficiais sobre o caso, ressaltando regras de segurança infantil, restrições de monetização e remoção de contas.
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