Anitta mostrou ao público internacional a persona que o público brasileiro conhece bem: uma artista destemida, audaciosa e extremamente precisa no que faz

(Foto: Divulgação)

"Me falaram que, para brasileiros, era impossível fazer uma carreira fora (do Brasil) e sempre que escuto a palavra impossível, eu quero fazer isso". Foi com essa frase durante sua primeira entrevista solo ao talk show americano The Tonight Show, com Jimmy Fallon, que a cantora Anitta mostrou ao público internacional a persona que o público brasileiro conhece bem: uma artista destemida, audaciosa e extremamente precisa no que faz.

Criada em Honório Gurgel, zona periférica do Rio de Janeiro, ela está acostumada ao desafio de cativar, de se provar e o melhor, de inovar. Artista versátil que possui trabalhos que vão do MPB, Reggaeton, Axé, Funk, Sertanejo até a música eletrônica, ela tem apostado na carreira internacional nos Estados Unidos com afinco, por isso, o lançamento de seu último single, Boys Don’t Cry, em uma pegada americanizada de pop rock totalmente diferente do que ela faz usualmente, não é nenhuma surpresa.  

Entretanto, para quem ainda acredita que mudança brusca de estilo e estratégia soa como desespero, o mentor digital Diego Gil mostra que é exatamente o contrário.

“Quando você aprende a vender a sua verdade de forma autêntica, ou seja, quando você aprende a fazer com que o cliente se conecte com quem você é antes do que você faz você, não há como ser refém de um produto ou nicho. Se você transmite essa conexão e relacionamento com o público, ele vai te seguir e te acompanhar fielmente.  No caso de Anitta, mesmo o que parece uma estratégia arriscada — apostar em uma estética e estilo musical que não conversa com nenhum dos trabalhos anteriores, esses responsáveis por seu sucesso atual — na verdade é a confirmação de que ela é uma artista diversificada que mostra uma capacidade de inovação fora de série”, analisa.

Para além da audácia de fazer diferente, Anitta tem consigo a virtude de entender e usar estrategicamente a ferramenta mais poderosa dos dias atuais: as redes sociais. Por meio de um branding e de uma estratégia de marketing de influência que consegue adentrar na vida das pessoas por meio de um simples smartphone, a cantora mostra como estar na boca, ou melhor, nas telas do povo, é imprescindível em uma indústria movida a números e algoritmos.

“Anitta entendeu que a chave do sucesso está em impactar o público certo: os formadores de opinião. Se antes esse lugar era elitista por se traduzir nos grandes conglomerados de mídia, atualmente são os criadores de conteúdo que fazem o filtro do que as pessoas desejam, vestem e ouvem, tudo de forma menos incisiva, porém mais eficiente. Estamos na era dos comunicadores digitais, eles são os novos políticos, bardos, reis e até, em alguns casos, deuses dessa geração. Felizmente ou infelizmente, há pessoas que dão mais valor no que um influencer diz do que aquilo que o próprio especialista de um assunto tem a dizer. Anitta, ao trazer os grandes nomes da influência para sua carreira por meio de viagens, festas e amizade, abre para si o público que cada um carrega. Além de, ao se tornar também uma figura formadora de opinião, ganhar o poder de se vender antes de vender a própria arte”, pontua.

Anitta tem relevância, alcance e potência de voz e é assim que ela encontra sua mina de ouro digital. 

“Independentemente se falam bem ou mal dela, as pessoas querem  observá-la ou tê-la conhecê-la. Antes da cantora Anitta, existe a persona Anitta, que tem boas colocações, é engraçada, irônica, multifunções, empresária a frente de grandes marcas, além da própria carreira. Ela é seu próprio veículo de comunicação”.

Linguagem midiática e digital

Voltando ao seu último lançamento, o single Boys Don’t Cry, a cantora se inspirou em uma tendência de retorno a estética do início do milênio, os anos 2000, mais especificamente uma pegada emo. Junto a isso, toda sua identidade visual se transformou: ela mudou todo o visual de shows e aparições nas mídias para roupas mais dark. 

“Alinhar a postura, comportamentos, comunicação e estilo pessoal e musical à estética de uma nova era musical é de extrema importância, até porque a maior parte do nosso potencial comunicativo está ligado à nossa linguagem não verbal, ou seja: postura, expressões e vestimentas. Nos comunicamos até em silêncio”, garante Diego.

Mais que diversificar suas persona nos negócios, Anitta também leva sua estratégia para a esfera da convergência midiática. Ela está em todas as mídias digitais, impressas, na TV, no Rádio, no TikTok e até em games. Ao fazer isso, ela se exime de um erro tão comum quanto amador, o de colocar todos os ovos na mesma cesta.

“Nunca podemos depender apenas de um canal de comunicação. Muitas plataformas são passageiras ou às vezes saem do ar, se você deixa toda sua reputação e todo seu negócio dependente de uma plataforma, você está fadado ao fracasso. Além de lhe proporcionar mais segurança e estabilidade por você não depender de uma só plataforma, também lhe dará uma forma de escalabilidade monstruosa", conclui.