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Síndrome de Asperger

Dia Internacional da Síndrome de Asperger: Thainá Zanholo fala sobre desigualdade no acesso ao tratamento com CBD

Redação/RedeTV!

Apesar de a maconha medicinal ser promissora no tratamento da Síndrome de Asperger, brasileiros que tem a síndrome só a utilizam em casos extremos

(Foto: Divulgação)

Comemorado neste 18 de fevereiro, o Dia Internacional da Síndrome de Asperger chama a atenção para a importância do diagnóstico desta condição que costuma se manifestar ainda mais na infância, assim como a democratização no acesso aos tratamentos disponíveis. No caso deste subtipo do Transtorno do Espectro Autista (TEA), estudos das mais diferentes nacionalidades comprovam a melhora dos sintomas da Síndrome de Asperger em pacientes que fazem uso do Canabidiol (CBD) — mesmo assim, no Brasil, a questão ainda esbarra na burocracia e falta de informação. 

Entre os estudos que relacionam a cannabis ao autismo, a pesquisa “Experiência da vida real no tratamento do autismo com cannabis medicinal: análise da segurança e eficácia”, publicada na revista científica Nature, aponta que dos pacientes do experimento,  30,1% disseram ter uma melhora significativa em sintomas como irritabilidade, ansiedade e ataques de raiva. Outros 53,7% tiveram resultados moderados, 6,4% melhora discreta e 8,6% melhora alguma.

De acordo com levantamento do Centro para o Controle e  Prevenção de Doenças do Governo dos Estados Unidos (CDC), uma em cada 110 pessoas no mundo apresenta algum nível de TEA, sendo que cerca de 10% dos diagnósticos correspondem à Síndrome de Asperger. No Brasil, esse número significa pouco mais de 2 milhões de pacientes que poderiam ser beneficiados pelo tratamento com maconha medicinal. Thainá Zanholo, ativista e empresária à frente da Nowadays, plataforma de conteúdo focada na disseminação de conhecimento sobre a cannabis, aponta que os passos lentos para a legalização da substância medicinal no Brasil acabam prejudicando os pacientes e os colocando à mercê dos altos impostos.

“A dificuldade e a burocracia em obter o tratamento com o canabidiol ainda são muito grandes por aqui. Nosso governo ainda vê a planta de forma deturpada e insiste em criar obstáculos para que empresas consolidadas e sérias consigam adentrar no mercado brasileiro para facilitar a distribuição do produto e criar competitividade de mercado, o que melhoraria demais o preço final do tratamento e também o acesso à ele. O acesso é extremamente negligente e atinge principalmente pacientes que possuem autismo e também outras condições neurológicas como a esquizofrenia”, pontua.

O fato de a Anvisa permitir que apenas uma pequena parcela dos pacientes importem CBD acaba gerando uma dependência dos pacientes com relação às poucas empresas farmacêuticas que possuem o registro do CBD e acabam criando um monopólio de preços inacessíveis e injustos para o brasileiro. “A falta de um mercado livre e competitivo da cannabis no Brasil faz com que o paciente fique sem opções de produtos. Vale lembrar que o canabidiol, no caso da Síndrome de Asperger, age reduzindo a agitação generalizada de quem normalmente possui esse transtorno, trazendo assim um efeito terapêutico que ajuda a controlar convulsões e os sintomas neurológicos frequentes que causam distúrbios nos pacientes”, diz. 

Por ser um óleo natural que não possui uma produção química em escala industrial, diversos pais de pacientes com esse tipo autismo têm recorrido ao tratamento à base de CBD. “O potencial terapêutico do canabidiol pode beneficiar pacientes que tenham problemas como ansiedade, insônia, epilepsia e dor crônica, o que é animador para esses pais, já que graças a interação da substância com os receptores do tipo CB1 do cérebro, o canabidiol é capaz de diminuir a frequência das crises convulsivas”, diz. 

A Síndrome de Asperger é descrita como um nível mais brando de autismo, que gera dificuldade de interação do paciente com outras pessoas, sobretudo aquelas que não convivem com ele. “Essa é uma condição do neurodesenvolvimento, que muda a forma como as pessoas veem e compreendem o mundo. Geralmente esses portadores têm dificuldade em interpretar linguagem verbal e não verbal, como gestos ou tom de voz, outros têm compreensão muito literal da linguagem. Esses sintomas podem gerar uma dificuldade socialização e desenvolvimento na criança, por isso, para os pais, o alerta é que quanto mais cedo a síndrome for detectada e cuidada, melhores serão os resultados”, garante a psicanalista Samiza Soares.

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