Síndrome de Burnout agora é oficialmente uma doença ocupacional. Um em cada 5 brasileiros sofre com a doença, aponta pesquisa da USP

(Foto: Divulgação)

Os últimos dois anos foram um grande teste para a saúde mental da humanidade. Pandemia, isolamento social, crise econômica, home office, e agora guerra. Esse clima tem deixado muita gente esgotada emocionalmente. Por conta de tudo isso, uma doença pouco conhecida até recentemente passou a encher cada vez mais os consultórios psiquiátricos: a Síndrome de Burnout. Tanto que agora ela faz parte da CID-11 da OMS (Organização Mundial da Saúde), que entrou em vigor no início janeiro de 2022, sendo classificada como uma doença ocupacional.

Thais Godinho, pesquisadora de cultura do trabalho, autora de três livros sobre organização na vida e no trabalho e criadora do Método Vida Organizada já sofreu deste mal e hoje auxilia pessoas a criarem uma rotina mais produtiva e menos estressante. 

“De forma bastante resumida, burnout pode ser definido como um estado de completo esgotamento mental, muitas vezes associado à sobrecarga de trabalho e potencializado pela pressão por resultados e pela alta performance da nossa sociedade atual. Recomendo fortemente um trabalho de acompanhamento terapêutico para todas as pessoas. Se você estiver desconfiada da sua condição, procure um terapeuta ou um médico especializado (psiquiatra). É importante cuidar da sua saúde mental”, ressalta Thais Godinho. 

Dados de uma pesquisa feita pela faculdade de Medicina da USP concluiu que um em cada cinco brasileiros sofrem desse problema.

O burnout pode atingir qualquer pessoa. Recentemente, o príncipe Harry de 38, anos, revelou que está passando pelo problema. Há dois anos, ele se mudou da Inglaterra para a Califónia, e acumulou algumas funções, entre elas a de diretor da  startup Better Up. O cantor Justin Bieber também admitiu ter sofrido da síndrome. O artista começou a trabalhar aos 13 anos e emendou vários trabalhos desde muito jovem. Bieber chegou a parar por mais de um ano para se recuperar. Thais Godinho explica o que causa esse esgotamento mental  ligado ao trabalho. 

“Nossa sociedade atual pressiona muito pela alta performance. O conceito que eu trago de produtividade compassiva é justamente pensando em trazer um pouco de sanidade em meio a toda essa loucura, pressão e desigualdade. É permitir que as pessoas, mesmo nas condições mais complexas, ao menos percebam o impacto do sono (ou falta dele) na sua rotina. Saber identificar um possível burnout antes de ele chegar e lutar por condições melhores”, explica Thais Godinho.

Como tratar?

Thais Godinho criou o Método Produtividade Compassiva e apresenta algumas orientações para lidar com o burnout. Mas, frisa a necessidade de tratamento profissional. “Trago algumas recomendações, mas que de maneira alguma substituem orientação profissional da área”, justifica, enfatizando a importância de buscar terapia.  

As ações recomendadas por Thais Godinho são: meditação respiratória e respiração profunda; alongamento e exercícios de relaxamento ao longo do dia; gerenciamento dos próprios pensamentos; alimentação correta; evitar práticas nocivas para o seu corpo; gerenciamento do tempo - criar espaço no seu dia a dia para o autocuidado também, não apenas para “compromissos externos”.

Outra dica é observar os sinais do corpo. “É importante tentar observar, o tempo todo, as mensagens que o seu corpo e a sua mente podem estar querendo passar para você. Respeite-se acima de tudo”, explica Thais Godinho.